Por Eduardo Müller Saboia, MSc.
Albert Einstein, Alvin Toffler, Frederic
Nietzsche e tantos outros insistiram em afirmar que a pergunta é mais
importante que a resposta. Einstein afirmava que, se lhe fosse concedido 60
minutos para resolver um problema, passaria 55 deles formulando a pergunta
certa e somente 5 minutos tentando responde-la. Toffler já dizia que uma
resposta certa para uma pergunta errada vale menos que uma pergunta certa com a
resposta errada. Para Nietzsche, “o pensador é antes de tudo dinamite, um
aterrorizante explosivo que põe em perigo o mundo inteiro”. Filosofias à parte,
saber perguntar é ter a chave certa para abrir as portas do conhecimento,
romper parâmetros e simplesmente progredir e evoluir.
E por que se fazem tão poucas perguntas e
constantemente se aceitam os fatos que chegam, sem contestá-los? Recentemente
escrevi sobre a Pós-verdade (Ler artigo na Gazeta do Povo) e abordei o tema sobre o
compartilhamento passivo de informações mentirosas em redes sociais, sem
leitura, análise e verificação prévia da autenticidade dos fatos. Nas empresas,
seja em Serviços ou Produção, questionam-se pouco as informações e processos de
todos os dias.
Nesta semana fui surpreendido por uma
pergunta de um novo e jovem colaborador na empresa em que trabalho. Confesso que
não estava mais acostumado a pessoas questionando sobre determinados relatórios.
Algumas informações são difundidas e provavelmente nem lidas ou os e-mails nem
abertos. O mesmo acontece com notícias do mundo político e econômico,
geralmente não discutidas e exploradas pela massa, apenas repassadas. Mas nesta
semana a pergunta veio, o material foi analisado por alguém novo que teve o
interesse de entender os detalhes daquele powerpoint.
Eu não sabia a resposta para aquela
simples pergunta. Com sete anos no ramo e quase vinte de carreira, eu não parei
para pensar, apenas passei rapidamente pelo material atualizado e repassei o
conteúdo. Aquele detalhe havia passado por mim como havia passado por todos os
demais, uns por não terem olhado, outros por não darem a devida importância. No
meu mundo particular a la
“Tempos Modernos” de Charlie Chaplin, apertando as porcas das minhas engrenagens diárias,
eu não havia me atentado para um detalhe simples, mas que poderia fazer toda a
diferença. E este mero detalhe, gerou uma pergunta simples e pura, que eu,
momentaneamente, não soube responder.
E isso não acontece com a maioria ao
estarem face a face com notícias de cunho político? Os entraves e polarizações
político-partidárias, em destaque nesta semana com o depoimento do
ex-presidente Lula, por acaso têm passado por sérias análises e discussões por
parte da grande maioria da população, ou simplesmente cada polo virou manobra
de perversas sanguessugas, interessadas somente na manutenção do poder?
Pela experiência que tenho, sei que a
carapuça também pode ter servido para você. Lembrou-se daquele relatório que
chegou com dados, não tão familiares, e deu aquela passada rápida por
ele? Lembrou-se daquele discurso inflamado que repassou sem ao menos
entender o que realmente significava? E aquele relatório financeiro do balanço
trimestral com conceitos que são colocados com tamanha propriedade que você tem
vergonha de perguntar o que significam? Já leu os propósitos do partido que
defende com unhas e dentes em redes sociais? Tenho certeza que sim.
Perguntar: O quê? Por quê? Como? Quem?
Quando? Onde? Quantos? - não mata ninguém. E por que se insiste, cada vez mais,
em não fazer isso e calar-se, aceitando a enxurrada de informações e processos
que caem no nosso colo todos os dias? Talvez seja porque, “por vezes as pessoas
não querem ouvir a verdade porque não desejam que as suas ilusões sejam
destruídas” (Nietzsche). Ou será por ignorância, arrogância, por preguiça,
egoísmo ou mesmo por achar que não está sendo pago o suficiente ou que tem
gente sendo paga para fazer aquilo por você. Infelizmente muitos pensam assim e
perdem excelentes oportunidades de crescerem.
Ao não analisar e não questionar os
padrões pré-estabelecidos e informações que chegam, tornamo-nos parte da média,
que simplesmente cala, consente, cria e rompe pouco. Lembre-se que medíocre é
uma derivação de média. Perdem-se, a cada minuto, oportunidades de ouro para
progredir, melhorar a produtividade, eliminar tarefas sem valor agregado e,
principalmente, aprender. Renunciar ao aprendizado é morrer um pouco por dia.
Todo mundo quer um dia ver Deus, mas ninguém quer morrer. E o Brasil, está
abaixo da linha da mediocridade em vários parâmetros, inclusive o ético e
moral.
E Cardoso, continue a analisar e
perguntar. Continue a ser um “aterrorizante explosivo” que colocará todos em
perigo. Precisamos ser chacoalhados para mudar. O aprendizado é um exercício
contínuo e vitalício. E para a sua informação, agora já sei a resposta para a
sua pergunta.
Fica a reflexão!
