Tudo que é miserável, por definição, é desprezível, é triste,
é lamentável e perverso. Tudo que é ignorante é impolido, é selvagem, é
incompetente e desinformado. Um Brasil de atual maioria histérica e
desinformada, que vê, mas não lê, que dá opinião sem conhecer de fato o que
está acontecendo, que discute, sem nem saber o que, está cada vez pior.
Chegou-se enfim ao pior resultado possível depois de décadas de educação pífia:
povo de maioria iletrada, um quadro político-econômico perverso e muitos
querendo ocupar um lugar, quem sabe, inexistente.
O ataque da vez é direcionado ao agronegócio, mais
precisamente ao uso de defensivos agrícolas e ao desmatamento. A maioria que
pensa que o agro usa defensivos de maneira irresponsável e desmata ao apagar
das luzes, como acontece com as aprovações das leis no Congresso, está pensando
com o modelo mental de 1970. Aceitem, quase 50 anos já se passaram e muita
coisa evoluiu. Lá sim, o uso dos então agrotóxicos era desenfreado, desmedido,
em excesso, mortal, pela falta de informação no campo e nas cidades, sobre os
efeitos de tal uso. Assim foi com o desmatamento, quando áreas gigantescas eram
desmatadas em demonstração de progresso e acesso a modernidade. Duas contas
pagas até hoje.
Atentemo-nos ao primeiro item: uso de defensivos agrícolas.
Hoje existem milhares de tipos, para as mais diversas aplicações. Têm por
objetivo defender as plantações das pragas, que teimam em destruir as culturas.
Não têm por objetivo matar as pessoas ou causar-lhes câncer ou autismo.
Responsáveis por 34% dos custos médios de plantio da soja e por 16% do milho,
principais grãos plantados no país, pode-se imaginar que o agricultor moderno
não tem por hábito querer aplica-los à revelia ou por hobby. Aplica-se na mais
precisa necessidade. Equipamentos com agricultura de precisão o auxiliam a usar
somente onde precisa, onde há a incidência real de pragas, evitando toda e
qualquer aplicação sem fundamento científico. Protestar contra o uso de
defensivos hoje é o mesmo que pedir aos médicos para não utilizarem mais os
medicamentos para combate às doenças. Obviamente que seria melhor não os
utilizar, mas os benefícios ainda são maiores que os danos.
Alternativas para o plantio de algumas culturas com uso
mínimo de defensivos, principalmente de hortaliças e frutas, já foram
implementadas e são muito promissoras. Verdadeiras fazendas, indoor, como se fossem solos no sentido
vertical, em forma de fábricas, estão em franca expansão em países do
hemisfério norte e logo chegarão com força no Brasil. Mas tudo tem seu custo.
Quanto ao desmatamento. Quem hoje insiste em acusar o
agronegócio de desmatar o que resta de matas e florestas no planeta, talvez não
tenha lido na íntegra os relatórios da NASA (falando em NASA irão acreditar,
pois são os gringos falando e medindo nossos centímetros quadrados com raio
laser) e da EMBRAPA (empresa tupiniquim, respeitadíssima aqui por quem a
conhece e lá fora por todos). Ambos confirmaram que mais de 66% do território
brasileiro é de áreas destinadas à proteção e preservação da vegetação nativa,
diga-se aqui, áreas destinadas às unidades de conservação (13,1%), terras
indígenas (13,8%) vegetação nativas ou áreas devolutas e não cadastradas
(18,9%), e outros 20,5% de vegetação destinada à preservação dos imóveis
rurais, imposto por lei. Hoje, entre pastagens e lavouras, temos somente 30,2%,
distribuídos entre pastagens (21,2%), florestas plantadas (1,2%) e lavouras
(7,8%). Onde está o desmatamento que é mostrado e histericamente vendido?
Sou um entusiasta da defesa da natureza e assim educo meus
filhos. Mas o que se vende e se compartilha em mídias sociais precisa ser
avaliado. É preciso lembrar que o agronegócio em 2017 representou 23,5% do PIB,
a maior participação em 13 anos. Gerou mais de 35% dos empregos diretos no
país, mas ao considerar toda a cadeia produtiva, foram mais de 45% da mão-de-obra
brasileira. Foi a maior geração de empregos nos últimos cinco anos. A
agricultura foi a principal contribuidora para a redução da inflação, e o único
PIB positivo setorial dos últimos três anos. Em 2017, o PIB da agropecuária foi
de 13,8% e representou mais de 45% de todas as exportações brasileiras. E aí, é
a hora de atacar o agro, de manter o modelo mental de 1970 ou de você se
atualizar e defender a maior fonte de geração de riquezas do país?
Fica a reflexão!
Eduardo
Müller Saboia é
técnico e engenheiro industrial mecânico, pós-graduado em Gestão Industrial e
Business Management e mestre em Administração Estratégica. Trabalha na
indústria de maquinários agrícolas e é Professor de Agricultura 4.0 na
Pós-graduação da UFPR e do Instituto nomm.

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